TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Vozes femininas decolonizadoras
PROPONENTES:
Tatiana Fantinatti (UFBA) - tatianafantinatti@gmail.com
Leonardo Vianna (UFRJ) - leonardoviannads@gmail.com
Leonardo Vianna (doutorando UFRJ)
Esta comunicação oral pretende investigar o papel que a figura masculina assume em Adua (2015), da escritora afro-italiana Igiaba Scego. É notório que não só nesse romance, mas em outros da escritora, é dada uma relevância muito maior às personagens femininas, no romance em questão, a conturbada relação entre Zoppe e Adua, pai e filha, é marcada por atitudes paternas machistas e autoritárias. Nesse sentido, analisaremos como se constrói a identidade negra de Zoppe, pai de Adua, ao longo do romance e para isso levaremos em consideração como referencial teórico Hall (2019), Mbembe (2018), Lombardi-Diop & Romeo (2014), Fanon (2008), hooks (2019), Faustino (2014), dentre outros. O autoritarismo de Zoppe reflete-se nos vários capítulos intitulados Paternale (Sermão), em que observamos um pai tirano e ao mesmo tempo amedrontado com a possibilidade de que a filha fosse livre com relação ao seu próprio corpo, como o fora a mãe, Aisha, a Temerária. Segundo Fanon (2008) e Mbembe (2018), sendo o negro uma invenção do homem branco, sobre essa ficção foram projetados comportamentos, práticas e valores em complexos processos psíquicos em que o homem negro personificaria aquilo que o civilizado homem branco europeu repudiava e ao mesmo tempo invejava: sua selvageria, sua hipermasculinidade e sua hipersexualidade. Enquanto expressão coletiva do homem negro, a masculinidade negra é forjada por muitos desses estereótipos, não queremos afirmar que são os únicos fatores que a formam. Sendo assim, pretendemos analisar a construção da identidade negra de Zoppe como expressão coletiva de uma masculinidade racializada.
PALAVRAS-CHAVE: Masculinidades Negras, Racismo, Identidade, Igiaba Scego, Adua
REFERÊNCIAS:
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
FAUSTINO (NKOSI), D. O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo. In: BLAY, Eva Alterman (org.). Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014, p. 75-104
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2019.
hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. Trad. Stephanie Borges. São Paulo: Elefante, 2019.
LOMBARDI-DIOP, Cristina & ROMEO, Caterina. Il postcoloniale italiano. Costruzione di un paradigma. In: ______ (a cura di). L’Italia postcoloniale. Firenze: Le Monnier Università/Mondadori Education: 2014.
MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo: N-1 edições, 2018.
SCEGO, Igiaba. Adua. Firenze: Giunti, 2015.