Propostas aceitas - XIX Congresso ABPI (outubro 2021)

TÍTULO DO SIMPÓSIO:

Vozes femininas decolonizadoras

PROPONENTES:

Tatiana Fantinatti (UFBA) - tatianafantinatti@gmail.com

Leonardo Vianna (UFRJ) - leonardoviannads@gmail.com

PROPOSTAS ACEITAS (comunicações orais / pôster)

IGIABA SCEGO E UMA PROPOSTA DECOLONIAL PARA O ENSINO DA LÍNGUA ITALIANA

Adriane Souza Viana (UFBA)

Esta comunicação tem o propósito de apresentar uma pesquisa PIBIC em desenvolvimento cujo objetivo é pensar uma Educação Linguística em língua italiana (LI) que possibilite o desenvolvimento do pensamento decolonial dos aprendizes através das obras literárias das escritoras que narram e contam as histórias de países que outrora foram colonizados e ocupados pela Itália e que historicamente são negligenciados, invisibilizados e silenciados, tais como: Etiópia, Eritréia e Somália. A escolha das obras dessas escritoras se deu porque todas são de origem africana, escrevem em LI e, sobretudo, porque são muitas as temáticas que podem ser elencadas a partir da leitura dos livros das referidas autoras, em especial, o tema do colonialismo italiano e as suas consequências. Na verdade, dessas autoras são como uma espécie de memórias não romantizadas do período colonial que parecem ter sido removido da consciência coletiva dos italianos e visto como algo que nada se relaciona com o processo de modernização (BENVENUTI,2011) e, tampouco, com o racismo estrutural que alicerça as nossas relações. Ademais, elas se utilizam da língua do colonizador (hooks, 2013) para narrarem as histórias que foram ‘apagadas’ pelo povo italiano. As obras de Igiaba Scego, escritora de origem somali, são essenciais para o desenvolvimento deste trabalho, visto que a autora trata de inúmeras temáticas, tais como: colonialismo italiano na Somália, violência contra as mulheres negras, racismo, migração, identidade e linguagem, dentre outros. É importante destacar que este estudo está inserido na área da Linguística Aplicada, um campo indisciplinar (MOITA LOPES, 2006, 2009), fronteiriço (KLEIMAN, 2013) e suleado (MATOS e SILVA JÚNIOR, 2019). Isso significa que os estudos realizados por suas pesquisadoras e pesquisadores precisam entrecruzar-se com diferentes áreas do conhecimento e atravessar as fronteiras disciplinares, estabelecendo uma agenda de pesquisa com responsabilidade social que rompa com monopólios de saber excludentes e engessados em suas próprias disciplinas.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Linguística, Literatura, Língua italiana, Decolonialidade

REFERÊNCIAS:

BENVENUTI, Giuliana. 2011. “Letteratura della migrazione, letteratura postcoloniale, letteratura italiana. Problemi di definizione.” In Leggere il testo e il mondo. Vent’anni discritture della migrazione in Italia, a cura di Fulvio Pezzarossa e Ilaria Rossini, 247-260. Bologna: Clueb

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a Educação como prática de liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla- São Paulo. 2013. Editora Martins Fontes, 2013, p. 223-233.

KLEIMAN, A. Agenda de pesquisa e ação em Linguística Aplicada: problematizações. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo (Org.). Linguística Aplicada na Modernidade Recente: Festschrift para Antonieta Celani. 1ed. São Paulo: Parábola, 2013, p. 39-58.

MOITA LOPES, Luiz Paulo. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 45- 65.

SCEGO, Igiaba. La Linea del Colere. Milano: Bompiani, 2020.

SILVA JÚNIOR, Antônio Carlos; MATOS, Doris Cristina Vicente da Silva. Linguística Aplicada e o SULear: práticas decoloniais na educação linguística em espanhol. Revista Interdisciplinar Sulear, UEMG, Ano 2, No. 2 (Setembro/2019) Edição Especial Dossiê SULear.