TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Paisagens da Itália finissecular
PROPONENTES:
Eric Santiago (UFRJ) - ericsilvasantiago@gmail.com
Fabiano Dalla Bona (UFRJ) - fdbona@gmail.com
Julia Lobão (UFRJ) - julialobao@msn.com
Eric Santiago (doutorando UFRJ)
Uma pessoa que habita em uma casa de cristal no centro de uma cidade, uma mulher que se coloca na varanda para observar a rua, esses são, respectivamente, os pontos de vista de Una casina di cristallo (publicada em 1913) de Aldo Palazzeschi e La strada entra nella casa (1911) de Umberto Boccioni. Partindo do pressuposto de que o ponto de vista do observador é um dos componentes primordiais para que haja uma paisagem (JAKOB, 2005; COLLOT, 2013; BONA, 2017), as obras artísticas futuristas se apresentam como verdadeiros laboratórios de experimentação na composição de paisagens. De fato, Collot afirma que “a noção de paisagem envolve pelo menos três componentes, unidos numa relação complexa: um local, um olhar e uma imagem” (COLLOT, 2013, p.17) e tal relação “não resulta de uma pura projeção do interior para o exterior, mas de uma interação constante entre o dentro e o fora [...]” (Ibidem, p.57). Nos defrontando com tais afirmações e analisando apenas superficialmente as obras citadas anteriormente, já poderemos mensurar como a dimensão paisagística esbarra no próprio processo de criação destas obras. Tanto a poesia de Palazzeschi como a pintura de Boccioni jogam de maneira muito intensa com as noções de dentro e fora causando uma certa ruptura na noção de paisagem. Isto posto, apresentarei uma análise destas obras levando em consideração as discussões sobre paisagem efetuadas por Collot e Bona, e tratarei sobre o ponto de vista particular dessas obras a partir das noções de olhar cômico de Pereira (2017) e Berger (2017).
PALAVRAS-CHAVE: Aldo Palazzeschi, Umberto Boccioni, Paisagem, Futurismo, Cômico
REFERÊNCIAS:
BERGER. Peter L. O riso redentor: a dimensão cômica da experiência humana. Tradução de Noéli Correia de Melo Sobrinho. Petrópolis: Vozes, 2017
BOCCIONI, Umberto. La strada entra nella casa. 1911. Pintura, óleo sobre tela, 100 x 100,6 cm. Disponível em: https://sprengel.hannover-stadt.de/detail
BONA, Fabiano. Paisagens de palavras na obra de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Rio de Janeiro: Rio Books, 2017.
COLLOT, Michel. Poética e filosofia da paisagem. Coordenação da trad.: Ida Alves. Rio de Janeiro: Editora Oficina Raquel, 2013.
JAKOB, Michael. Paesaggio e letteratura. Firenze: Leo S. Olshki, 2005.
MARINETTI, Filippo Tommaso. Teoria e invenzione futurista. Milano: Mondadori, 1968. Disponível em: https://www.liberliber.it/mediateca/libri/m/marinetti/manifesti_e_scritti_vari/pdf/marinetti_manifesti_e_scritti_vari.pdf (consultado em 10/05/2021).
PALAZZESCHI, Aldo. Poesie. Milano: Mondadori, 1971.
PEREIRA, Ricardo Araújo. A doença, o sofrimento e a morte entram num bar. Uma espécie de manual de escrita humorística. Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2017.
VERDONE, Mario. Il Futurismo. Roma: Tascabili Economici Newton, 1994.