TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Trânsitos e traduções pela literatura e cultura italianas
PROPONENTES:
Erica Aparecida Salatini Maffia (UFBA) - ericasalatini@gmail.com
Lucia Wataghin (USP) - luciawataghin@gmail.com
Patricia Peterle (UFSC) - patriciapeterle@gmail.com
Julia Scamparini (docente UERJ)
O fazer acadêmico, o pensar político, e até o mercado editorial estão hoje permeados pelo tema do feminismo. Neste cenário, traduzir Natalia Ginzburg, uma autora tão importante na história da literatura italiana contemporânea, acabar por levar a gerenciamentos inéditos para mim: ela vivia e pensava em outra época, por isso sua escrita não pode ser classificada feminista tal como se concebe hoje o feminismo; no entanto, poderia ser considerada bastante feminina. Ao lado deste embate temporal, assuntos caros ou pertencentes à ordem do dia para quem traduz acabam por jogar luz subjetiva aos temas tratados na obra. Desenha-se aqui, então, a necessidade de uma espécie de gerenciamento triangular, em que pesam a obra – ângulo-guia, que negocia com os discursos do tempo em que se traduz – o feminismo precisa ser alimentado! – e com os temas que fazem certos olhos brilharem, como, por exemplo, o da solidão na infância, no caso da obra estudada: Mai devi domandarmi, de 1970. Nesta comunicação, pretendo compartilhar a experiência de traduzir os ensaios de Ginzburg reunidos neste volume a partir dos tantos gerenciamentos que foram surgindo no processo de tradução: o que, no fim das contas, participa da “colagem dos cacos”? Ginzburg disse que o tradutor deve ser formiga e cavalo ao mesmo tempo, e trabalhar em meio a uma “contradição insanável”. Interessa-me justamente o caminhar tradutório, tão repleto de decisões, marcado pela passagem da(s) teoria(s) para a tradução em si. Para compreender um pouco desse processo, proponho compartilhar a experiência de traduzir Mai devi domandarmi.
PALAVRAS-CHAVE: Tradução, Teoria Da Tradução, Natalia Ginzburg
REFERÊNCIAS:
ABRANTES, Ana Margarida. Translation and Imagination. In: HANENBERG, P. (Ed.) A New Visibility: On Culture, Translation and Cognition. Lisboa: Editora Universidade Católica, 2015, pp. 48-64.
ALBANESE, Angela. Essere formica e cavallo insieme. Natalia Ginzburg e la traduzione. Griseldaonline, 2017, 16 (1). DOI: https://doi.org/10.6092/issn.1721-4777/10478
BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. Trad. Joao Barrento. In: BENJAMIN, Walter. Linguagem, Tradução, Literatura [Filosofia, teoria e crítica]. Belo Horizonte: Autêntica, 2018, pp. 87-100.