TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Trânsitos e traduções pela literatura e cultura italianas
PROPONENTES:
Erica Aparecida Salatini Maffia (UFBA) - ericasalatini@gmail.com
Lucia Wataghin (USP) - luciawataghin@gmail.com
Patricia Peterle (UFSC) - patriciapeterle@gmail.com
Mariele Lúcia Tortelli (graduanda UFSC)
Andrea Santurbano (docente UFSC)
A escrita de Michele Mari é como uma casa, composta por muitos planos, repleta de lacunas do porão ao teto, interligada por corredores escuros e habitada por fantasmas oriundos do passado. Na obra Verderame (2007) uma indagação é parte do pano de fundo da trama na voz do narrador que pergunta se é “possível que o passado entregasse somente isso, ou mortos ou fantasmas?” (MARI, 2007 p. 124, tradução minha) A fim de entender como Mari evoca o passado para posteriormente fazer a transposição desse para o português brasileiro mediante a tradução, entendendo que a “tradução é na sua essência plural”(BERMAN, 1985 p.31), busca-se analisar um dos espectros da mente do autor: Felice, o jardineiro que está perdendo a memória. As palavras dessa personagem evidenciam a criação de um dialeto literário que segundo Sumner Ives, citada por Carvalho (2017, p. 25) “é a tentativa por parte de um autor de representar na linguagem escrita uma fala que é restrita regionalmente, socialmente ou ambos.” Ao ler esse romance o leitor do italiano, depara-se com a tentativa de reproduzir o falar de alguém que está esquecendo as palavras, um falar que têm algumas características ligadas ao seu baixo nível de escolarização e a área geográfica do Lago Maggiore. Baseando-se em traduções já realizadas de outros autores italianos como Andrea Camilleri, Donatella Di Pietrantonio e Roberto Saviano, procura-se compreender como as falas regionalizadas e os dialetos foram interpretados por seus tradutores e como essas experiências podem impactar na tradução de Verderame.
PALAVRAS-CHAVE: Michele Mari, Verderame, Tradução
REFERÊNCIAS:
BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo; tradução: Marie-Hélène C. Torres, Mauri Furlan, Andreia Guerini; 2° edição, Tubarão, Copiart, 2013.
CARVALHO, Solange PP. A Tradução de Variantes Dialetais: O Caso Camilleri: Desafios, estratégias e reflexões. Editora Transitiva, 2017.
MARI, Michele. Verderame. Torino, Einaudi, 2007.