TÍTULO DO SIMPÓSIO:
O lugar da palavra: história, política, sociedade em tradução
PROPONENTES:
Aislan Camargo Maciera (USP) - aislan@usp.br
Aline Fogaça dos Santos Reis e Silva (UFRGS) - alinefogacareis@gmail.com
Gesualdo Maffia (ICIB) - gesualdo.maffia@gmail.com
Jackson da Silva Diniz (mestrando UFG)
Sabe-se que Gonçalves Dias preparava um volume com poemas traduzidos a que daria o nome de Ecos de Além-Mar (LEAL, 1867; PEREIRA, 2018). Com esse objetivo verteu A noiva de Messina, de Friedrich Schiller, e vários poemas do francês, espanhol, italiano e principalmente do alemão. Mas além desse projeto, parece que usava a reescritura como processo de aprendizagem de língua e poética, estando nesse caso, segundo Leal (1867), a tradução para o português de parte do canto VI (versos 58-151) da Divina Commedia, de Dante Alighieri, feita em 1844 quando estudava Direito em Coimbra. Trata-se da parte na qual Dante e Virgílio encontram o poeta lombardo Sordello e na qual há uma invectiva política. Também reforça, senão o ano da reescritura, ao menos esse período de formação de Gonçalves Dias, o fato de sua versão não utilizar da terzina. Em outras traduções curará sempre pela relação forma e conteúdo. Seria, assim, um exercício. Diante disso, interroga-se por que teria escolhido em detrimento de outros mais famosos esse trecho do poema. Para tentar responder tal pergunta far-se-á o seguinte percurso: primeiro, a análise da tradução; depois, a partir do uso de dados biográficos do poeta em suas cartas (ANAIS, 1971) e nas biografias escritas por Antônio Henriques Leal (1868) e Lúcia Miguel Pereira (2018) e valendo-se do conceito de tradução como reescritura com motivações ideológicas e poetológicas de André Lefevere (2007) e da relação escritor e público de Antonio Candido (2006), espera-se elencar algumas possíveis motivações.
PALAVRAS-CHAVE: Gonçalves Dias, La Divina Commedia, Tradução
REFERÊNCIAS:
ALIGHIERI, Dante. La Divina Commedia. Purgatorio. Commento di Anna Maria Chiavacci Leonardi. Milano: Mondadori, 2016.
ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL (ABN). [Correspondência ativa de Gonçalves Dias]. Rio de Janeiro: Divisão de Publicações e Divulgação, v. 84, 1964, 1971 [publicado]. 418 p.
BROCA, Brito. Românticos, pré-românticos, ultra-românticos: vida literária e romantismo brasileiro. São Paulo: Polis, 1979.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
DIAS, Gonçalves. Obras posthumas. Volume II. São Luiz: B. de Mattos, Typ. rua da Paz, 1867.
______. Poesia e prosa completas. Organização Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
LEAL, Antônio Henriques. Advertência. In: DIAS, Gonçalves. Obras posthumas. Volume II. São Luiz: B. de Mattos, Typ. rua da Paz, 1867.
______. Biographia de A. Gonçalves Dias. In: DIAS, Gonçalves. Obras posthumas. Volume I. São Luiz: B. de Mattos, Typ. rua da Paz, 1867. p. IX-LXIV.
LEFEVERE, André. Tradução, reescrita e manipulação da fama literária. Tradução de Cláudia Matos Seligmann. Bauru, SP: Edusc, 2007.
MELO, Gladstone Chaves de. A excelência vernácula de Gonçalves Dias. Niterói, EdUFF; Rio de Janeiro: Presença, 1992.
PEREIRA, Lúcia Miguel. A vida de Gonçalves Dias. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2018.