TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Dante Alighieri e outros autores italianos e brasileiros: entre o maravilhoso, o fantástico e o mitológico
PROPONENTES:
Maria Celeste Tommasello Ramos (UNESP - Campus de São José do Rio Preto - SP) - mct.ramos@unesp.br
Ionara Satin (UNESP/Araraquara) - ionarasatin@gmail.com
Therezinha Maria Hernandes (doutoranda UNESP)
No âmbito do maravilhoso, podemos considerar como grande tema a morte e seu enfrentamento. A perspectiva animista (LANGER, 2020) encara a morte como uma continuidade da vida em outro plano da realidade. Como descreve Marija Gimbutas (1999), a Grande Deusa detém todo o poder sobre o ciclo de vida-morte-regeneração ou transformação. Se a vida, sob esse prisma, tem início com o nascimento a partir do corpo feminino (humano ou não), a morte seria o movimento inverso, ou seja, o reingresso no corpo da Deusa. A partir dessas premissas, a noção inicial de “mundo inferior” corresponde ao útero simbólico de onde surgiu a vida, o corpo da Deusa que acolherá os mortos. Encontramos uma representação dessa ideia em Maui (Polinésia), que ingressa no corpo da Deusa da Morte pela vagina desta, em busca da imortalidade. A transformação desse útero simbólico num lugar de sofrimento – um espaço narrativo, como o Hades ou o inferno cristão – se dá na mesma medida em que o patriarcado toma o lugar das sociedades matrifocais (GIMBUTAS, 1999), e os deuses masculinos dominam à força as antigas deidades femininas, não raro por violência sexual. A permanência da Grande Deusa, entretanto, ainda se faz sentir quando Dionísio e Orfeu necessitam da interferência de Perséfone para recobrarem Sêmele e Eurídice, respectivamente; ou quando Ishtar, buscando o marido, e Gilgamesh, por Enkiddu, precisam se submeter a Ereshkigal; e só desaparece completamente no inferno cristão, descrito, entre outros, por Dante Alighieri, que faz da descida ao inferno uma viagem de superação.
PALAVRAS-CHAVE: Inferno, Maui, Gilgamesh, Orfeu, Dante
REFERÊNCIAS: