TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Dante Alighieri e outros autores italianos e brasileiros: entre o maravilhoso, o fantástico e o mitológico
PROPONENTES:
Maria Celeste Tommasello Ramos (UNESP - Campus de São José do Rio Preto - SP) - mct.ramos@unesp.br
Ionara Satin (UNESP/Araraquara) - ionarasatin@gmail.com
Gisele de Oliveira Bosquesi (docente UFRGS)
Faremos uma leitura do canto XXV do Inferno da Divina Comédia, de Dante Alighieri (2018), focando principalmente no imaginário mitológico mobilizado pelo autor a partir do diálogo intertextual com a obra As Metamorfoses, do poeta latino Ovídio (1983). Neste canto, no qual Dante e seu guia Virgílio encontram-se no oitavo círculo do inferno, morada final dos fraudulentos, temos a referência aos personagens ovidianos Cadmo, fundador da cidade de Tebas, e à ninfa Aretusa, além da menção ao próprio Ovídio. Além disso, Dante retoma a figura mitológica de Caco, uma espécie de sátiro, filho do deus Vulcano, e o transforma em centauro, monstro pertencente ao bestiário catalogado por Ovídio em sua obra. Dada a importância da mitologia greco-latina na obra de Dante Alighieri, podemos tecer, a partir da observação de tais retomadas intertextuais, reflexões acerca das peculiaridades pré-renascentistas do Sumo Poeta, principalmente no que tange ao seu modo de construir a alegoria. É sabido que a Commedia se apresenta como um compêndio didático-alegórico da cultura medieval, e, portanto, traz a marca da alegoria hermenêutica, ou alegoria dos teólogos, em sua tessitura. No entanto, como bem observam diversos estudiosos da obra dantesca, o poeta, de certa forma, se utiliza também da chamada alegoria dos poetas, que, posteriormente, no Renascimento, foi teorizada pelos neoplatônicos e humanistas florentinos. Dessa forma, a cultura e a mitologia clássicas retomadas na obra de Dante passam a integrar de forma harmônica o quadro monumental do inferno cristão por ele apresentado.
PALAVRAS-CHAVE: Dante Alighieri, Literatura Italiana, Literatura Latina, Intertextualidade, Alegoria
REFERÊNCIAS: