TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Dante Alighieri e outros autores italianos e brasileiros: entre o maravilhoso, o fantástico e o mitológico
PROPONENTES:
Maria Celeste Tommasello Ramos (UNESP - Campus de São José do Rio Preto - SP) - mct.ramos@unesp.br
Ionara Satin (UNESP/Araraquara) - ionarasatin@gmail.com
Ionara Satin (docente UNESP)
Por volta de 1893, a epidemia do cólera assombrava a cidade de Rio de Janeiro, os jornais traziam notícias alarmantes de muitos países e um consequente terror que a doença chegasse ao Brasil. Nesta época, Machado de Assis escrevia semanalmente suas crônicas para o Jornal Gazeta de Notícias na coluna “A Semana” e tal tema percorreu seus textos por muitas vezes e de diversas maneiras. No dia 27 de agosto de 1893, a doença entra em sua crônica por meio da narração de um pesadelo, no qual o cenário é justamente o canto V do Inferno de Dante Alighieri. A construção desta crônica é apoiada tanto na citação dos versos de Dante quanto no próprio espaço do Inferno descrito pelo poeta. Neste trabalho, pretende-se analisar como se dá o diálogo entre Machado de Assis e poeta italiano nesta crônica e qual a relação construída pelo cronista entre a epidemia do cólera e a sua descida ao Inferno de Dante. Declaradamente amante dos tercetos do poeta florentino, Machado de Assis nunca se contentou com a “contemplação narcísica”, termo utilizado por Tiphaine Samoyaut (2008, p. 78) em A Intertextualidade, da literatura europeia. O escritor brasileiro sempre buscou conscientemente colocar a literatura estrangeira em um lugar de diálogo em seus textos, exatamente, como dirá mais tarde Silviano Santiago (2000, p. 17), para não silenciar a nossa literatura nacional. Diante disso, cabe dizer que esta comunicação pretende olhar para a conversa entre o poeta e o cronista do mesmo modo que Machado de Assis concebia a presença do outro na literatura brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: Dante Alighieri, Crônica, Intertextualidade, Machado De Assis
REFERÊNCIAS: