TÍTULO DO SIMPÓSIO:
Trânsitos e traduções pela literatura e cultura italianas
PROPONENTES:
Erica Aparecida Salatini Maffia (UFBA) - ericasalatini@gmail.com
Lucia Wataghin (USP) - luciawataghin@gmail.com
Patricia Peterle (UFSC) - patriciapeterle@gmail.com
RESUMO DA PROPOSTA:
É verdade que nos últimos anos o campo dos estudos da tradução teve, dentro da academia, e não só no Brasil, um crescimento a olhos vistos, que vem produzindo reflexões importantes e experiências em nível de graduação e pós-graduação igualmente significativas. Em medida parecida, também é verdade que o mercado editorial, relativo a livros traduzidos, apesar da crise, tem apresentado números não desprezíveis, e as pequenas editoras têm tido um papel importante na publicação de novos autores ou de traduções de livros célebres que até então eram inéditos por aqui. O trânsito entre duas ou mais línguas e culturas é a um só tempo uma experiência complexa e uma tensão. As palavras, as construções sintáticas e os campos semânticos carregam vivências culturais, modos de estar e ver o mundo. É nesse sentido que o gesto da tradução, acontecimento que se dá no espaço do “entre” significa também o acolhimento do outro (BERMAN, 2007). Nesse sentido, a tradução, além de ser o melhor modo de se ler um texto – como já dizia Italo Calvino em alguns ensaios dedicados a esse ofício – é vista como um espaço de reflexão sobre o outro, de hospitalidades, de eticidade. A tradução, assim, se torna sinônimo de escuta, de deslocamentos; uma vez que toda e qualquer leitura é também uma exclusão de outras leituras que não foram ativadas ou, simplesmente, não se concretizaram; mas, sobretudo, é ainda o possível encontro com o(s) outro(s) que habita(m) em quem lê/traduz e, por conseguinte, na cultura que acolhe e na qual vai circular o texto traduzido (JACQUES, 2017). É, portanto, a partir dessas considerações acerca da tradução, do “gesto” tradutório, das diferentes e variadas reescrituras que dele são geradas, que se pretende discutir alguns entrecruzamentos, movimentos de aproximação e distanciamento - marcados por deformações, renúncias, recriações e aberturas - entre a língua italiana e a portuguesa, entre a cultura italiana e a brasileira.
REFERÊNCIAS:
BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. Trad. Susana Kampff Lages. In: HEIDERMANN, Werner (Org.). Clássicos da teoria da tradução. Florianópolis: UFSC – Núcleo de Pesquisas em Literatura e Tradução, 2010, pp. 202-231.
BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo. Trad. Marie-Heélène Torres, Mauri Furla, Andréia Guerini. 7Letras/PGET.Rio de Janeiro: 2007.
JACQUES, Marcelo. Sobre a forma, o poema e a tradução. Rio de Janeiro: 7Letras, 2017. MESCHONNIC, Henri. Poéticas do traduzir. São Paulo: Perspectiva, 2010.
PETERLE, Patricia (Org.). A literatura italiana no Brasil e a literatura brasileira na Itália: sob o olhar da tradução. 1.ª Ed. Tubarão: Copiart, 2011.
TAPIA, Marcelo; NOBREGA, Thelma Médici (orgs.) Haroldo de Campos Transcriação. São Paulo: Perspectiva, 2015.
PALAVRAS-CHAVE:
Literatura Italiana, tradução, deslocamentos