TÍTULO DO SIMPÓSIO:
#italianoparatod@s: políticas, práticas e perspectivas do italiano no Brasil
PROPONENTES:
Cristiane Maria Campelo Lopes Landulfo de Sousa (UFBA) - cristianelandulfo@gmail.com
Daniela Aparecida Vieira (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Aluna Jéssica Nunes Herculano - São Paulo-SP) - daniela.apvieira@yahoo.com.br
RESUMO DA PROPOSTA:
As políticas públicas linguísticas abarcam uma gama de decisões, que vão desde a escolha de determinado lugar onde uma língua deve ser falada até questões relativas ao ensino-aprendizagem de diferentes línguas (LANDULFO, 2016). Desse modo, as ações das professoras e dos professores de línguas são orientadas, em grande parte, pelas leis de diretrizes governamentais, pelos projetos e documentos de secretarias de educação dos Estados e dos municípios ou, ainda, em alguns casos, pelo trabalho das associações. Nesse sentido, o governo tem, em níveis federal, estadual e municipal, o poder de instituir e planejar quais línguas deverão ser ensinadas e como deverá ser esse ensino. Ao propor e implementar tais políticas linguísticas, no Brasil, os documentos educacionais, muitas vezes, reforçam processos de invisibilização ou de apagamento da diversidade linguística (MOITA LOPES, 2006; DINIZ; NEVES, 2018). Para combater esses processos, podemos e devemos, como agentes políticos e como docentes comprometidas(os) com a busca por justiça social (FREIRE, 1974), tecer uma rede de ações que visem à democratização do ensino de línguas em nosso país, procurando garantir que o acesso a esses saberes se torne um direito de todas(os). Afinal, a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos determina, em seu artigo 23º, que “o ensino deve estar sempre a serviço da diversidade linguística e cultural e das relações harmoniosas entre as diferentes comunidades linguísticas do mundo inteiro”. Embora esse importante documento defenda a diversidade linguística e cultural, na maioria das escolas brasileiras da Educação Básica e em grande parte dos cursos de graduação em Letras, tanto em âmbito público quanto privado, o inglês é a única língua adicional que faz parte do currículo. Essa presença exclusiva e, até mesmo, hegemônica de tal língua vai em direção oposta ao que propomos e defendemos. A nosso ver, deveriam ser visibilizadas e valorizadas diversas línguas, as quais precisariam, de acordo com as especificidades, os interesses e as necessidades dos participantes (discentes, pais das/dos alunas/os, professoras/es, coordenadoras/es etc.) de cada contexto, integrar o currículo de instituições educacionais públicas e privadas (VIEIRA; SANTOS, 2021, no prelo). Diante do exposto, este simpósio volta-se para o (re)conhecimento do ensino do italiano no Brasil em diversos contextos educacionais e, dessa maneira, busca apresentar diferentes iniciativas promovidas com os objetivos de ofertar o ensino dessa língua, questionar as políticas linguísticas de invisibilização e apagamento, bem como construir estratégias de enfrentamento para que o ensino de línguas seja, de fato, democratizado e deselitizado em nosso país. Convidamos, então, para participar deste simpósio professoras e professores de italiano que atuam em escolas públicas e privadas da Educação Básica, em institutos de ensino de línguas, em instituições de ensino superior (em cursos de extensão, de graduação e/ou de pós-graduação), entre outros. Esperamos que possam compartilhar conosco suas experiências de ensino-aprendizagem da língua italiana e se juntar a nós na defesa da democratização e da deselitização do ensino dessa e de tantas outras línguas adicionais no Brasil.
REFERÊNCIAS:
DINIZ; L. R. A.; NEVES, A. O. Políticas linguísticas de (in)visibilização de estudantes imigrantes e refugiados no ensino básico brasileiro. Revista X. Curitiba, v. 13, n. 1, p. 87-110, 2018.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
LANDULFO, C. M. L. C. Currículo e formação inicial dos professores de italiano no Brasil: constatações e reflexões. 2016. 340 f. Instituto de Letras – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
MOITA LOPES, L. P. Uma linguística aplicada mestiça e ideológica: interrogando o campo como linguista aplicado. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
VIEIRA, D. A.; SANTOS, E. N. J. Educação de migrantes internacionais no Brasil – as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Oferta de Educação Plurilíngue e a simples menção ao português como língua adicional. 2021 (capítulo de livro no prelo).
PALAVRAS-CHAVE:
Ensino-aprendizagem da língua italiana. Políticas linguísticas. Democratização do ensino de línguas.