Proposta de simpósio para o XIX Congresso ABPI (outubro 2021)

TÍTULO DO SIMPÓSIO:

As dobraturas poéticas de Dante em D'Annunzio

PROPONENTES:

Flora De Paoli Faria (UFRJ) - paolif@letras.ufrrj.br

Fernanda Gerbis Fellipe Lacerda (UFRJ) - fernandagerbis@gmail.com

RESUMO DA PROPOSTA:

As dicções poéticas de Dante Alighieri e Giosuè Carducci surgem muito mais ousadas e fascinantes em composições finesseculares como aquelas com os efeitos poéticos dannunzianos, como Alcyone (1903) e Il Fuoco (1900), em que ressoam Vita Nuova e Divina commedia, de Dante. D'Annunzio é o Vate do Decadentismo Italiano (BINNI, 1988), este não é apenas um movimento, mas um conjunto de tendências e de comportamentos difusos em diversos campos artísticos. Trata-se de uma arte inspirada pelo sentimento da vida como algo doentio, perverso, corrupto, como pretendeu significar, no passado, um parte da crítica literária italiana (KUNISHI, 2013). Referencia uma poética a qual se associam o estranhamento no mundo da criação artística em formas que vão do culto da arte pela arte, ao intimismo na dobradura do poeta no seu mundo interior à agressiva proclamação de sua excepcionalidade de vidente e vate (FORTICHIARI, 1987). O movimento Decadentista teve como berço as agitadas noites de Paris das últimas décadas do século XIX, das quais se originou o halo de mistério, fascínio e decadência que até os dias atuais continua atrelado ao conceito plural do termo. O reconhecimento do Decadentismo, ou Decadismo como uma estética autônoma e original é uma tarefa que vem se desenvolvendo desde seus primeiros passos, tal como bem afirma Luiz Edmundo Bouças Coutinho (2010). A multiplicidade de tendências abrigadas sob essa rubrica, na maioria das vezes, termina por dificultar a apreensão das características basilares dessa corrente artística. Um dos únicos elementos que não admite contestação é o fato de que o Decadentismo nasce como reação ao Positivismo e ao Naturalismo, simbolizando o desconforto da sociedade diante da falência do sonho de progresso difundido por esses movimentos filosóficos e culturais. Sabe-se que o termo decadentismo, em seu significado específico, sugere o conceito negativo de decadência, ou melhor, de declínio ou morte de alguma coisa. Tal traço significativo é, no entanto, apenas um dos aspectos estruturantes desse complexo fenômeno artístico, em conexão direta com o esvaziamento dos valores que o Racionalismo, o Positivismo e o Romantismo haviam elegido como paradigmas de representação do real. No entanto, o que se pode constatar é que o Decadentismo assinala momentos específicos que se verificam nas histórias das civilizações, levando, por conseguinte, a um tipo de reflexão, que no caso da estética decadentista, conduzirá à exasperação preciosista como objetivo em si mesmo. O resultado desse procedimento criativo descortinará o cenário de uma arte centrada sobre si mesma, radicalizando a aventura do esteticismo (GIAMMARCO, 2005). Desse modo, esta proposta visa buscar diálogos do decadentismo estatizante, que se afirma também no campo da narrativa, com a linguagem poética antiga (PRAZ, 1996; OLIVA, 1992).

REFERÊNCIAS:

BINNI, W. La poetica del decadentismo. Roma: Santoni Editore, 1988.

COUTINHO, L. Faces rituais da poesia. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2010.

D’ANNUNZIO, G. Le laudi del cielo e del mare. In:    . Tutti i romanzi, novelle, poesie, teatro. Roma: Grandi Tascabili Economici, 2011.

D’ANNUNZIO, G. Il fuoco. In: Tutti i romanzi, novelle, poesie, teatro. Roma: Grandi Tascabili Economici, 2011.

FORTICHIARI, V. Invito a conoscere il Decadentismo. Milão: Mursia, 1987.

GIAMMARCO, La parola tramata: Progettualità e invenzione nel testo di D’Annunzio. Roma: Carocci, 2005.

KUNISHI, K. Il Croce critico di fronte a Gabriele D’Annunzio. In:    . Rendiamo omaggio a Gabriele D’Annunzio: La lettura crociana di D’Annunzio. [s.l.]: Archivio di storia della cultura, 2013.

OLIVA, G. D’Annunzio e la poetica dell’invenzione. Milão: Gruppo Ugo Mursia Editore, 1992.

PRAZ, M. D’Annunzio e l’amor sensual della parola. In:    . La carne, la morte e il diavolo. Milão: Mondadori, 1996. Páginas 399-449.

PALAVRAS-CHAVE:

Decadentismo; Estetismo; Fulgurações dantescas