TÍTULO DO SIMPÓSIO:
LÍNGUA, IDENTIDADE E MEMÓRIA: "ITALIANIDADE(S)" NO BRASIL ENTRE CONTATOS, CONFLITOS E TRANSFORMAÇÕES
Pedro Bustamante Teixeira (UFJF)
No famoso ensaio "O Dolce Stil Nuovo - Bossa-Nova no Duecento", Haroldo de Campos (1998) aponta para semelhanças entre a nova maneira de se fazer poesia lírico-amorosa, desenvolvida por jovens poetas de Florença no final do século XIII, a partir da poesia do Bolonhês, Guido Guinizzeli, e o movimento musical desenvolvido no Rio de Janeiro entre os anos de 1958 e 1962. Se, de um lado, é no contexto stilnovista que emerge a figura de Dante Alighieri que, indo além do movimento ao qual se filia na juventude, irá se afirmar como um dos maiores poetas da literatura europeia, a partir da Vita Nuova e, principalmente, da Commedia; por outro, é a partir da Bossa-Nova que poetas da canção, como Caetano Veloso e Chico Buarque irão se afirmar como os dois maiores poetas de seu tempo no Brasil. Tanto em Caetano que, ao se desgarrar da Bossa-Nova e da MPB, tal qual ela se afirmara até 1967, com o movimento Tropicalista, empreende algo análogo a uma descida ao inferno para recuperar a linha evolutiva da música brasileira, “la diritta via”; quanto em Chico Buarque, que embora mais próximo à Petrarca do que de Dante, também deixa transparecer em seu cancioneiro alguns rastros dantescos; a presença de Dante é eminente. Sendo assim, este trabalho visa apontar essa presença nesses dois compositores populares brasileiros que tanto se destacaram na segunda metade do século XX, e que, ainda hoje, na segunda década do terceiro milênio, continuam compondo e se apresentando nas principais casas de espetáculo do Brasil e do mundo.
PALAVRAS-CHAVE: Dante Alighieri; Caetano Veloso; Chico Buarque.
REFERÊNCIAS:
BUARQUE, Chico. Tantas Palavras: todas as letras e reportagem biográfica de Humberto Werneck. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
CAMPOS, Haroldo. O Dolce Stil Nuovo: Bossa Nova no Duecento. Pedra e Luz na Poesia de Dante. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1998. 204 p.
VELOSO, Caetano. Letras. Organização Eucanaã Ferraz. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.