Propostas aceitas - XX Congresso ABPI (novembro 2023)

TÍTULO DO SIMPÓSIO:

GÊNEROS E FORMAS DA CONTAMINAÇÃO LITERÁRIA: HIBRIDAÇÕES NA LITERATURA ITALIANA

PROPOSTAS ACEITAS (comunicações orais / pôster)

A hibridização nas obras de Italo Calvino e Michele Mari (online)

Mariele Lúcia Tortelli (UFSC)

O texto literário, criativo e maleável, é algo que pode não somente ser catalogado por meio de um modelo fixo, imutável e estrutural; a ele é permitido transgredir limites e explorar os intermináveis meandros da imaginação transpassando as linhas pré-definidas de um gênero. A obra dos autores italianos Italo Calvino (1923-1985) e Michele Mari (1955) exemplificam a colocação de Hutcheon (1991) e Ribas (2016), a qual, expressa que as fronteiras entre os gêneros, na pós-modernidade, tornaram-se fluidas. A hibridização por meio da palavra, com a utilização de elementos estilísticos e temáticos contribui para a construção de uma obra que perpassa vários tempos, trazendo em si fragmentos de formas e estruturas, que compõem um mosaico original, não previsível e feito de vários recortes. Sendo assim, tanto Calvino, como Mari apresentam quando escrevem contaminações literárias, usos de termos que colocados em conjunto formam fragmentos que escondem suas raízes; e ao serem estudados revelam suas ligações e suas transgressões em relação aos gêneros da literatura. Dada essa colocação e analisando as obras: As cidades invisíveis (1972), na qual, o que salta aos olhos do leitor é a estrutura do romance; e Euridice aveva un cane (1993), que apresenta uma linguagem arcaizante, a qual relembra os jogos linguísticos de Tommaso Landolf e o estilo das Operette Morali(1827) de Giacomo Leopardi. Percebe-se que a hibridização pode se manifestar de formas diversas. Não se sabe se o processo de hibridização é algo contemporâneo ou ligado as origens da literatura italiana, mas existem indícios que os verdadeiros clássicos não estão preocupados em cumprir os pré-requisitos de um gênero, ao contrário eles ultrapassam os limites impostos, moldam novas fronteiras e expandem o nível de consciência previamente definido. A literatura não serve a uma escola literária, ou a um determinado gênero, ao contrário ela é servida por eles e no campo da criatividade e da imaginação o protagonismo é de quem tem a coragem de transpor fronteiras, até mesmo aquela das literaturas nacionais.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura italiana; Gênero; Hibridização.

REFERÊNCIAS:

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. Editora Companhia das Letras, 1990.

CALVINO, Italo. Le città invisibili. Edizioni Mondadori, 2012.

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo. Rio de Janeiro, Imago, 1991.

LEOPARDI, Giacomo. Operette morali. Guida editori, 1998.

MARI, Michele. Euridice aveva un cane. Bompiani, 1993.

RIBAS, João Amálio. As cidades invisíveis e a pós-modernidade. 2016.