Propostas aceitas - XX Congresso ABPI (novembro 2023)

TÍTULO DO SIMPÓSIO:

(TRANS)FORMAÇÃO DOCENTE E A EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA EM LÍNGUA ITALIANA: CAMINHOS POSSÍVEIS

PROPOSTAS ACEITAS (comunicações orais / pôster)

A sala de aula de língua italiana e a luta antirracista

Alessandra Harumi Bonito Fukumoto (USP)

A perspectiva decolonial nos chama a estar atentos aos silenciamentos e apagamentos provocados na nossa sociedade, sejam eles de saberes, de corpos, de línguas, dentre outros. É importante entender como nos localizamos nessa discussão, para perceber quais são as colonialidades que nos constituem e, portanto, com quais silenciamentos estamos colaborando. Como educadores linguísticos, contamos com um “facilitador” na abordagem dos questionamentos que é o fato de trabalharmos com uma língua outra e, portanto, poder explorar os apagamentos pelos quais outra sociedade passou e/ou provocou para, a partir dela, discutir a nossa própria constituição (identitária, social, cultural etc.). Esse contato, além de ajudar na formação crítica e ética dos estudantes por aprendermos, junto com a língua, uma série de aspectos (DUBOC, 2017), contribui para a percepção de que a língua não é só um “meio de comunicação”, mas um “poderoso instrumento de controle social” (BAGNO, 2007), capaz, por exemplo, de incluir ou excluir. Butler (2021) pergunta se a linguagem poderia nos ferir se não fôssemos seres linguísticos. Estamos cientes da violência que podemos, como docentes, manter e difundir quando não refletimos criticamente sobre nossa postura em sala de aula, quando não questionamos quais saberes priorizamos e quais escolhas didáticas fazemos, quando não nos responsabilizamos por aprender mais sobre os processos de silenciamento que nos cercam, quando optamos por ignorar a impossibilidade da neutralidade? A sala de aula de língua italiana pode ser aliada na luta antirracista, inclusive na discussão do papel da branquitude nessa luta, pois, como aponta Ferreira (2015), é importante discutir a identidade racial branca, colocada como norma, e romper o pacto da branquitude (BENTO, 2022). São sobre as possibilidades da sala de aula de língua italiana promover uma educação linguística antirracista que pretendo falar nesse trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Linguística; Decolonialidade; Antirracismo; Branquitude.

REFERÊNCIAS:

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BUTLER, Judith. Discurso de ódio: uma política do performativo. São Paulo: Editora da Unesp, 2021.

DUBOC, A. P. Letramento crítico nas brechas da sala de línguas estrangeiras. In: TAKAKI, N. H.; MACIEL, R. F. (orgs.) Letramentos em terra de Paulo Freire. Campinas-SP: Pontes Editores, 2017. p.209-229.

FERREIRA, Aparecida de Jesus. Letramento racial crítico através de narrativas autobiográficas. Ponta Grossa: Estúdio Texto, 2015.